
Categoria: Artigos
Data: 31/05/2024
A ganância é o desejo de ter sempre mais. É uma espécie de buraco sem fundo. A ganância pode ser ilustrada pela sanguessuga, cujas filhas gêmeas são feitas da mesma matéria que compõe a mãe – o sangue de outras pessoas. Ela chupa seu sangue e nunca se farta. Com outras figuras tão vívidas e chocantes o sábio ilustra o homem de ambições irrefreáveis. De cômica inicialmente, a comparação avança para um aspecto trágico, pois a cobiça é ameaçadora como a sepultura e o fogo e patética como os desertos estéreis e ressequidos.
Há aqui uma mistura de repulsa, medo e dó da ambição humana. Há pessoas que nunca estão satisfeitas com o que têm. Querem sempre mais. Não se alegram com o que já possuem; entristecem-se pelo que não têm. Não ficam contentes apenas com o que já granjearam, querem também tomar, de forma vil, o que é do outro. O ganancioso mente, corrompe, rouba e mata para alcançar o fruto de sua cobiça.
Sempre ávido por ter mais e sempre sôfrego na busca de acumular tudo para si, está disposto a passar por cima de tudo e de todos para amamentar as filhas insaciáveis da sanguessuga: Dá, Dá (Pv 30.15a). O ganancioso, mesmo amealhando muitos tesouros, não é feliz, pois nunca se alegra com o que tem, pois sempre está correndo loucamente atrás do que não tem.