
Categoria: Artigos
Data: 27/06/2023
“E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos...” (Lucas 13.11)
Nem sempre nosso corpo transparece o nosso estado interior. Existe muito sorriso elegante que esconde uma alma aflita. Quantas roupas de grandes grifes escondem um coração em frangalhos! Quanta boa aparência tenta disfarçar perturbações! Incontáveis status sociais pretendem simular falsas sensações. É desanimadora a conclusão de que a humanidade é especialista em disfarce. Para as crises interiores, paliativos exteriores.
Há quem não consiga entrar na lógica do disfarce. Em determinada sinagoga estava uma mulher, cujo estado interior era invariavelmente refletido em seu exterior. Ela era encurvada. Impossível disfarçar. Não há como simular estar bem quando se vive dezoito anos nessa situação. Dezoito anos olhando para o chão sem conseguir contemplar as estrelas, a amplidão. Quase duas décadas convivendo no olhar com a sujeira das ruas.
A expressão “sem de modo algum poder endireitar-se” (Lc 13.11), significa que ela tentou melhorar. De repente, há mudança completa no cenário. Jesus se aproxima e, segundo Lucas 13.12,13, lhe oferta visão (vendo-a), comunicação (chamou-a) e toque (impondo-lhe as mãos). O resultado disto: ela foi curada da enfermidade e passou a glorificar a Deus. O olhar, até então aprisionado ao chão, se dirigiu ao alto, ao Pai das luzes, e o adorou.